NEATES tece a rede da Economia Solidária na Região Norte

Em Macaé, visita ao MST

Macaé, 17 de setembro. O dia começa muito quente, mesmo com o vento que sopra do mar. Julia Schaefer , alemã, voluntária da AFS Intercultura Brasil, que integra a equipe do NEATES, sente, especialmente o impacto do sol na pele clara.

Em Macaé, um dos destinos de Sergio e Julia é o Assentamento Celso Daniel, criado em 2002, e que hoje é composto por 205 famílias do Movimento dos Sem Terra, MST.

A Secretaria de Trabalho e Renda disponibilizou um carro, o que facilitou a tarefa da dupla.

No assentamento, Sergio e Julia foram recebidos por Gaúcho, liderança do movimento em Macaé. Gaúcho se mostrou interessado no tema da Economia Solidária e quer efetivamente se integrar ao NEATES com os outros empreendimentos da região.

O assentamento sobrevive basicamente de programas do governo federal. Cada família tem dez hectares de terra para explorar da forma que considerarem melhor. Segundo o Gaúcho “cada um tem o seu saber e partindo do seu saber que eles vão desenvolver suas terras, agente precisa de melhorar para poder fazer melhor”. E seguindo a tese, todas as oportunidades de capacitação e formação são importantes para os assentados.

O assentamento vive da agricultura familiar, e está investindo no processo de qualificação para integrar o Projeto de Merendas Escolares, que determina que 30% da compra de alimentos da Prefeitura tem que ser feita junto à agricultura familiar. Sergio Pereira fala do processo: “Eles já passaram pelo primeiro passo que é o programa de PAA – Programa de Aquisição Alimentar, onde o Governo federal faz compras de R$3 mil e R$9 mil. Os produtores que conseguem cumprir as metas e prazos podem partir para o segundo passo, que é o PR Doação, onde o Governo Federal compra para doar alimentos para as instituições da região. O assentamento está nessa fase. Depois de completar esse ciclo, eles vão poder passar para a venda dos alimentos destinados a merenda escolar”.

Paraíso na Serra

No sábado nublado, Sergio e Julia sobem a serra para chegar a Barra do Sana, último distrito de Macaé, com três mil moradores. Sergio observou que o lugar é tão bucólico, que a impressão é que a qualquer momento uma fada ou um duende vai sair da floresta.

O ponto final da Kombi é na Feira Social de Integração, um espaço com 17 lojas, brinquedos para as crianças, salas de oficinas, onde são realizados cursos de música com atividade a semana toda.

Quem recebe a equipe é Fausto, artesão, morador de Sana há 17 anos e um dos fundadores da Associação de Artesãos do Sana. É Fausto que faz a mediação com outros artesãos e moradores. O primeiro foi Seu Pedro da agricultura familiar. Depois Maria Rosa, que faz sabonetes de argila e o Marcelo que cria máscaras e bonecos da cultura rastafári.

Sergio e Julia conversaram com cada artesão sobre o NEATES , falando das ações do projeto e objetivos. Alguns já haviam escutado falar de Comércio Justo, porém não sabiam muita coisa de Economia Solidária.

Pelo menos dez representantes da região garantiram presença na I Jornada de Estudos de Economia Solidária. A Secretaria de Trabalho e renda de Macaé já garantiu o transporte do grupo.