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O Blog do NEATES/RJ é um espaço para divulgação e promoção das atividades do Núcleo Estadual de Assistência Técnica a Empreendimentos Econômicos Solidários no Estado do Rio de Janeiro. É também um canal de comunicação direta com os Empreendimentos Econômicos Solidários, que estão convidados a utilizar esse espaço para debates e informações.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ARTIGO - Paul Singer

O mistério do inter-relacionamento entre as finanças e a economia da produção e produção.

Nos momentos de crise financeira a opinião pública se volta a este tema: como se inter-relacionam o mundo financeiro com suas vicissitudes especulativas e o mundo da produção e consumo de valores de uso.
São dois mundos distintos: no primeiro circulam valores monetários denominados genericamente de ativos porque são créditos, a cada um dos quais corresponde um débito (ou passivo); no segundo circulam bens e serviços que satisfazem necessidades de seres humanos, que por isso se dispõem a pagar para adquiri-los. Esses bens e serviços são mercadorias – produtos do trabalho humano destinados à venda, à troca por dinheiro – e nesse sentido também são valores monetários. A diferença entre ativos e mercadorias é que os primeiros são valores virtuais, isto é, não satisfazem qualquer necessidade diretamente, ao passo que os últimos são valores reais, prontos para serem utilizados ou consumidos.
As finanças prestam serviços à economia real: recebem em depósito a poupança de famílias e empresas (sem falar dos governos) e lhes oferecem empréstimos. Serviços financeiros são basicamente de intermediação entre famílias e empresas que têm poupanças e outras que necessitam de dinheiro. As finanças recolhem o dinheiro sobrante das primeiras e o emprestam às últimas. Mas sua atividade principal é emprestar a governos e empresas para que possam fazer investimentos. Embora as compras a prazo dos consumidores sejam importantes – sobretudo o crédito hipotecário, a maior parte dos ativos se destina a financiar investimentos do Poder Público e das empresas capitalistas, sobretudo de grande porte.
Além disso, boa parte da poupança captada pelas finanças provém das próprias finanças. A atividade financeira expandiu-se acentuadamente nos últimos decênios de globalização e neoliberalismo, usufruindo de lucros extraordinários, parte dos quais alimentam as remunerações milionárias dos altos executivos financeiros. Uma parte crescente do capital total da economia capitalista globalizada gira no mundo financeiro, e nas fases de alta dos ciclos de conjuntura usufrui de inegável hipertrofia.
São muitas as modalidades de empréstimos praticados pelas finanças: depósitos bancários, títulos negociados em bolsas de valores, emissões de títulos por governos, grandes empresas, companhias de seguros (apólices), emissão de cartões de crédito e de débito e assim por diante. O que efetivamente importa é que os intermediários podem emprestar mais dinheiro do que captaram do público ou de outros intermediários. Eles podem fazer isso porque gozam de crédito por parte do público que aceita em pagamento os ativos avalizados por bancos. É assim que funcionam os cheques e os cartões eletrônicos: são ordens de pagamento que o cliente do banco emite para que determinadas dívidas, que ele faz junto a lojas, restaurantes etc., sejam pagas pelo seu banco. A grande maioria das transações dos agentes da economia real é liquidada por meio de instrumentos chamados meios de pagamento emitidos por bancos. Só transações de pouco valor são liquidadas por meio da moeda oficial emitida pela autoridade monetária, que pode ser o Banco Central ou o Tesouro do governo nacional.
Os bancos ganham dinheiro principalmente fazendo empréstimos, pelos quais cobram juros. Os bancos precisam dos depósitos porque eles constituem o lastro dos empréstimos que fazem. O Banco Central exige que os bancos comerciais mantenham um encaixe (é uma reserva em moeda oficial – notas emitidas pela autoridade monetária; que o Banco Central obriga os bancos a manter a disposição dos depositantes que fazem saques. O valor do encaixe costuma ser uma proporção do total dos depósitos em cada banco) mínimo que serve para cobrir os saques dos depositantes. Os prestatários (que recebem os empréstimos) sacam rapidamente os valores acrescentados aos seus saldos para pagar os fornecedores de equipamentos, instalações, matérias-primas etc., que são os elementos materiais de seus investimentos. Os fornecedores, por sua vez, depositam imediatamente o dinheiro recebido em seus bancos, quando o dinheiro não é transferido diretamente para suas contas. O que significa que o dinheiro utilizado pelos agentes da economia real para liquidar transações entre eles circula incessantemente entre os bancos, ou seja, no âmbito financeiro.
Quando todos os bancos, no afã de ganhar mais, ampliam os empréstimos a agentes da economia real, os depósitos de todos eles aumentam. O efeito importante sobre a economia real é que se expande na medida em que os investimentos crescem, o que ocasiona a ampliação do emprego, da produção, e do consumo. A expansão da economia real se autoalimenta à medida que desempregados conseguem trabalho, os gastos do público aumentam, o que suscita mais investimentos, mais emprego e mais produção.

Texto retirado da publicação “O ABC da Crise/organizado por Sérgio Sister – São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2099; pag.71-73”.

II CONAES - Conferência Nacional de Economia Solidária


Kalina Honório e Sergio Pereira, Coordenadora e Assistente do Projeto Núcleo Estadual de Assistência Técnica aos Empreendimentos Solidários no Estado do Rio de Janeiro, NEATES, participaram da II Conferência Nacional de Economia Solidária, a II Conaes, realizada em Brasília, entre 16 e 18 de junho.


O foco do evento foi o direito de produzir e viver em cooperação de maneira sustentável. Ao final da conferência foi elaborado um documento com as definições de políticas públicas de reconhecimento do direito à economia solidária em nível municipal, estadual e federal.

Kalina ressalta que o encontro possibilitou a articulação com os alguns gestores públicos presentes ao encontro. “Conhecemos também as lideranças do movimento EcoSol, do Estado do Rio de Janeiro, e encontramos os companheiros que coordenam o NEATES do Rio Grande do Norte. Grande encontros como esse são sempre férteis e positivos para um projeto como o NEATES, que se fundamenta na articulação e na integração solidária”, avalia Kalina.


Os focos da Economia Solidária, a partir de três grandes eixos, os participantes da conferência se dividiram em subgrupos.


O Eixo I abordou os avanços, limites e desafios da economia solidária no atual contexto socioeconômico, político, cultural e ambiental nacional e internacional.

O Eixo II direito a formas de organização econômica baseadas no trabalho associado, na propriedade coletiva, na cooperação, na autogestão, na sustentabilidade e na solidariedade como modelo de desenvolvimento”. Kalina Lígia Honório participou do grupo que discutiu as formas organizativas dos empreendimentos, abordando a legislação, as formas de gestão e os deveres.

O Eixo III propôs a discussão Organização do Sistema Nacional de Economia Solidária. Sergio Pereira, na discussão desse Eixo, participou do debate sobre o texto que define as condições que o movimento aponta como ideais para a criação de fundos e conselhos de economia solidária, nos âmbitos federal, estadual e municipal. Sergio atuou também como Secretário da Plenária do Eixo.

Os grupos temáticos acrescentavam destaques nos textos que foram tirados das conferências estaduais, para serem votados nas mini-plenárias e encaminhados para a grande plenária.



O evento conseguiu reunir um número expressivo de delegações, dobrando o número de participantes que estiveram presentes na I CONAES. Foram votados todos os destaques apresentados durante as reuniões dos grupos.